segunda-feira, 27 de outubro de 2008

3ª Aula de Sociologia

3º Aula – 10/10/08

A Sociologia nasce só como ciência na Revolução Industrial, porém, é-lhe atribuída alguns antecedentes.


Antiguidade Clássica:
Platão: foi o primeiro grande pensador a avançar com o modelo daquilo que seria, no seu entender, uma sociedade mais justa, uma sociedade melhor, uma sociedade colectivista e que fosse dominada pelo Estado, em suma, a cidade ideal que nada mais era do que o equilíbrio da vida politica e social sem esquecer os avanços da ciência.
Para a sua cidade, Platão propõe a colectivização dos bens, abolição da cidade privada com vista a eliminar o egoísmo e a cobiça e assim cada pessoa preocupava-se com o bem geral da comunidade.

Aristóteles: Mesmo sendo discípulo de Platão, não concorda com a Ideia de Cidade Ideal, até porque ele era meteco. É um dos primeiros defensores de uma sociedade pluralista, atribuindo, ao contrário de Platão, um papel fundamental à propriedade privada no seio da colectividade, pois Aristóteles primava pela defesa do individualismo, com base numa análise realista, enquanto que Platão se afirmava apologista de um colectivismo extremo na sua vertente idealista. Partindo de uma analise ideológica acerca da natureza humana, o filosofo vai argumentar que o “Homem é um animal político”, “concebido” para viver em sociedade e é por isso que a politica faz parte da sua natureza, logo, torna-se lógico que Aristóteles defenda a superioridade do pluralismo social e politico em detrimento do modelo de lógica colectivista de Platão.
“Política” é um texto de Aristóteles, considerado pelos Sociólogos contemporâneos como primeiro grande tratado sociológico, no qual estão contidas as ideias acima referidas.
Aristóteles foi o primeiro pensador a definir um dos princípios básicos sociológicos – “A sociedade é”, em vez de a “Sociedade deve ser” ou outra qualquer afrimação.

Idade Média:
Santo Agostinho: “A Cidade de Deus” é o texto no qual se compreende o penamento politico. Santo Agostinho considera haver duas cidades: a celeste (Civitas Dei), comunidade dos homens que vivem segundo o espírito da fé, humilde e buscam a justiça. A terrena (Civitas Diaboli) compõe-se dos homens que vivem segundo a carne, para a satisfação dos seus prazeres (em pecado constante), violenta, cheia de vícios, e com amor.
Uma cidade é o bem (Celeste), a outra é o Mal (Terrestre), estando ambas permanentemente em conflito, disputando a posse do mundo, acabando por, um dia, triunfar a Celeste, passando a existir paz autêntica e duradoura.
A Cidade terrena encontra a glória em si mesma (nos homens), a Celeste encontra-a em Deus. Contudo, Santo Agostinho não afirma que a Cidade Celeste corresponde à Igreja e a Terrena ao Estado. Diz antes respeito à conduta dos homens, sendo que, tanto na Igreja como no Estado, há homens pertencentes às duas cidades.
Ponto assente é que só na cidade Celeste há verdadeiramente paz, verdadeira justiça, verdadeiro bem. Na Cidade Terrena, os homens esforçam-se ppor alcançar os mesmos objectivos, mas como tal não é possível sem o auxílio de Deus, conseguem apenas uma aparência e ilusão de tais valores.
Este pensamento análogo foi uma abordagem que influenciou o pensamento politico geral da época e fez com que a sociedade fosse reestruturada.

São Tomás de Aquino: Fez também uma abordagem teológica com influências clássicas de Aristóteles, aproveitando sobretudo os restos dos escritos que não foram danificados pelo incêndio na Biblioteca de Alexandria, contudo, têm uma perspectiva mais cientista da sociedade.
Segundo São Tomás, em consonância com Aristóteles, o homem é um animal social e mais do que isso é um animal político. Não é apenas um animal social porque há vários animais sociais, mas só o homem é o animal politico, ou seja, um ser que exige, para se poder manter e desenvolver, a vida em sociedade politica – o Estado – com o fim de satisfazer as suas necessidades espirituais e materiais.
São Tomás entende que sozinho o homem não era capaz de fornecer a si mesmo aquilo que precisaria, pois os recursos de um só homem não são adequados à perfeição da vida humana.
São Tomás não considera que a relação politica entre governantes e governados seja consequência do pecado original, como disse Santo Agostinho. São Tomás explica que a sociedade politica, o estado, te uma origem natural, ou seja, é um produto da natureza e da razão. É uma consequência de carácter social e politico do homem, que exige uma autoridade que governe para se realizar o bem comum.
É justamente porque o homem é um ser dotado de inteligência e de razão, ele contribui através de actos voluntários para criar e manter a sociedade politica. Por conseguinte, a sociedade, embora não tenha origem contratual, repousa num elemento voluntário, que é o consentimento tácito comum dos seres humanos pertencentes a uma dada comunidade.


Idade Modena:
Mostesquieu: Publicou “O espírito das Leis” considerada a sua grande obra politica, na qual formula a teoria dos poderes. Teve grande divulgação no continente europeu e Americana, contribuindo directamente para a revolução americana (1787) bem como a Francesa (1789). Em “Espírito das leis”, Mostesquieu decide estudar, na perspectiva do espírito das leis, as consequências das diversas formas politicas, sociais e económicas, ou seja, estuda as leis não em si mesmas, mas integradas no seu ambiente natural e social.
Em suma, O Espírito das Leis representa uma relação inevitável entre fenómenos, contribuindo para a sociologia e, consequentemente, inspiração para Augusto Comte (1798-1857), o primeiro sociólogo.


O século 19 é marcado por grandes transformações a nível Social. Para além da revolução americana, dá-se também a revolução francesa que marca uma nova organização politica que ruiu com o sistema Feudal, mais conhecido pelo Antigo Regime. Nesta época, procura-se instituir a republica e acabar com a monarquia absolutista. É com esta conjuntura que a Revolução Industrial tenta criar um sistema de liberdade, sendo considerado o Exercito Napoleónico libertador, já que garantia o fim da servidão ao feudalismo.
A Revolução Industrial, na Grã-bretanha, foi também outro contributo para a mudança de organização politica, criando uma nova realidade social e económica no país de nascimento bem como em França. Nos países a industrializarem-se, começou-se a dar o êxodo rural, e as famílias nucleares de outrora, consideradas uma unidade de produção de terra fez com que trocassem o cultivo das terras e a dedicação à agricultura por um trabalho de proletariado nas grandes cidades.
Nesta conjuntura, dá-se a massificação da Escola, na medida que as famílias, tradicionalmente as que passavam o legado da educação e formação, deixaram de ter tempo para despender com os filhos no seio familiar. Desenvolve-se também a rede de transportes públicos e telecomunicações tornando-se bastante relevantes, pois formam uma nova realidade social, facilitando a comunicação e o acesso dos povos e entre povos. O telegrafo é disso exemplo - Consiste em transmitir letras, palavras e frases através de um código visualizado a partir de 3 réguas de madeira articuladas colocadas na parte alta de um poste ou edifício; barco a vapor – que permitiu a realização de viagens mais rápidas e confortáveis aos cinco continentes.
Este século é, sobretudo, marcado pelas mudanças rápidas e vertiginosas às quais as populações não se conseguiam adaptar.
Quanto às Ciências Sociais não eram vistas como uma área científica, eram apenas vistas como um ramo da Filosofia.
O século 19 ficou também conhecido pelo Historicismo Puro, isto é, a sucessão coerente de acontecimentos que vão evoluindo, tendo como exemplo, a teoria de Darwin.
Porém, a Sociologia, como ciência ou como mera área de interesse, estava fora de toda esta análise. Os grandes sociólogos eram vistos como excêntricos, pois só reflectiam, estudavam e viam a sociedade em si, ou seja, a realidade.


A. Comte:
Provem de uma família católica e monárquica de posses médias (o Pai era funcionário publico). Estudou na École Politecnique na área das ciências, opositora dos governos vigentes, acabando por fechar devido às reflexões excêntricas.
Em Montpelier, sua terra natal, ingressou na faculdade, na qual se dedicou ao estudo da Biologia.
Passados uns anos, a École reabriu e Comte Decidiu continuar os estudos, sendo convidado a dar aulas de Matemática.
Entre os anos 1877 e 1824 desenvolve uma ligação estreitíssima com Saint-Simon, homem burguês, com dinheiro.
Saint-Simon idealizava que a sociedade se tornasse inteiramente industrial e isso só poderia acontecer com a ajuda da proliferação de fabricos e no comando dessa proliferação, empresários qualificados e os cientistas. Os primeiros por possuírem terrenos e capital, os segundos por detentores de conhecimento.
Em 1924, Comte põe em papel “O Sistema de Politica Positiva”, vendendo os manuscritos a Saint-Simon. Saint-Simon, por sua vez, torna publico os escritos sem indicar o autor. Esta situação foi o suficiente para o rompimento definitivo da relação de ambos, já que, otrora, Saint-Simon tinha publica ideias de Comte, dizendo que ele próprio tinha sido o autor.
Em 1925, Comte casou-se com uma prostituta, Caroline Simon, que não tinha um temperamento acessível.
Em 1826, iniciou, na sua própria casa, o “curso de Filosofia Positiva”, escritos em seis volumes, publicados a partir de 1830. O curso tinha como objectivo ajudar a pensar de forma positiva, ou seja, de forma a chegar-se ao conhecimento. Alguns dos maiores nomes da época frequentavam as suas aulas, como o fisiólogo Henri-Marie de Blainville e o psicólogo Jean-Étienne Esquirol, mas não só, qualquer um poderia frequentar, como foi o caso de talhantes, biólogos, matemáticos, … . O curso não chegou acabar devido a um colapso nervoso provocado pela instabilidade emocional da mulher.
Entre 1830 até 1842 escreveu todos o curso de Filosofia positiva que não passavam de reflexões sobre o passado histórico, principalmente a antiguidade clássica.
Comte tinha uma visão megalómana sobre si mesmo – dizia-se o único que realmente estudava e compreendia a sociedade, recusando-se a ler obras de outros autores com receio que isso o influencia-se.
Em 1847, anuncia a criação da “religião da humanidade”, ou seja, a Sociologia.
Em 1848, funda a fundação da Sociedade Positiva, que tinha como principal função difundir o Positivismo e sobretudo o catolicismo positivista:
- fase Inicial: escreve com Saint Simon
- fase Central: dedica-se ao curso de filosofia.
- fase difusora: idêntica às dos clássicos porque divulga o que devia ser e assim destaca-se daquilo que anteriormente tinha para a sua ciência.
O positivismo tem duas palavras-chave: ordem e progresso (as mesma representadas na Bandeira do Brasil).

A lei dos três Estados:
Conflito Latente
Princípios Teológicos – Identidades abstractas sub-naturais – Idade Média.
Comte diz que os cientistas deviam liderar a sociedade. Comte conclui assim que a sociedade deveria passar por três fases/estados:
Estado Teológico – crenças enraizadas em actos de fé, podendo o individuo acreditar em tudo o que lhe é dito – típico da Idade Média, materializado constantemente.
Estado Metafísico – acreditação nas entidades naturais, na força da natureza como explicação para tudo.
Estado Positivo ou Cientifico – Estava a alcançar-se na época de Comte. É um estado em que a humanidade não se contenta apenas com as explicações anteriores, o que interessa é, na verdade, o que a ciência prova ou não prova. Ser positivo é ser científico. Comte acredita, assim, no triunfo da ciência e que todas as sociedades, um dia, acabassem por alcançar o estado positivo.

“Está cientificamente provado” é provavelmente a frase que Comte gostaria de ouvir para tudo o que envolve-se os fenómenos sociais.

A Lei dos três estados é a primeira grande lei sociológica, considerada pelo próprio autor.

Caracterizar o positivismo para analisar a realidade social? É uma das questões/desafio que Comte propõe.

A Primeira ciência a passar para estado positivo foi a matemática, a ultima foi a sociologia, estabelecendo-se assim uma hierarquia de ciências.

A Sociologia é a ciência mais complexa porque implica o comportamento em grupo de indivíduos.

1 comentário:

Anónimo disse...

este texto está bom do ponto de vista informativo. no entanto devo avisar o autor para os erros relativos às datas. Muitas destas nem sequer fazem-se sentido.Comte nunca pode ter eescrito nada em 19... se morreu em 1857. por exemplo...